Como num discurso clichê ele disse no final: "você pode contar comigo". Há muito tempo ela não ouvia isso de forma honesta de alguém que gosta de graça, que pouco precisa para viver; consequentemente pouco precisa de alguém. "será que eu mereço?", indagou ela, secretamente, cuja malícia deixou num vidro, em conserva, dentro do armário, há pouco menos de um mês, quando se sentiu desarmada por um cachorro vira lata com dono.

o cão, de pelo baixo e cara de poucos amigos, sempre dava um passo para trás, enquanto ela, dava um para frente. "vem.. vem aqui". foi a primeira vez que ela queria a atenção de algo ou alguém. "somos parecidos", pensou ela.

para quem gostava de gato, passou a gostar de cachorro. passou a também a gostar de graça.

m.

*Love On My Side - Lost in the trees