eu me rendo

okay, dói ser uma pessoa saudável. especificamente as minhas pernas. não tem nenhuma parte isenta. não que eu já não tivesse ouvido a lendária história sobre os dias de sofrimento que as pessoas passam depois dos primeiros dias de academia, mas isso não era a minha maior preocupação. hoje é. a minha motivação para enfrentar as tediosas séries de exercícios de panturrilhas, coxas e braços foi o medo de um futuro, condenado pela dependência dos móveis para caminhar dentro da minha própria casa, no entanto antecipei essa condição; não consigo dar dois passos sem xingar ou apoiar em alguma coisa. acho que agora sim, to pronta, só faltava mesmo a postura de velha resmunguenta. a minha outra preocupação era o restante. quero dizer, tudo. isso inclui todos os detalhes fúteis; desde a convivência com os assistentes de academia, sorridentes, esbarrando na sua perna, pedindo para posicionar os "glúteos" (ahah) fazendo piadinhas sobre o seu desastroso condicionamento físico, até as manchas de suor e a cara de acabada no final da sessão, obrigatoriamente conferida através dos 189 km de espelhos. é, mas um dia você levanta da cama e percebe que todas as partes do seu corpo só tendem a cair, e você desejaria mais fôlego para algumas coisas, digamos assim, essenciais para a existência humana: como por exemplo caminhar 8 metros até o super mercado e voltar com uma caixa de leite, sem praguejar. é isso aí, doses cavalares de bateria para o mp3.