pão velho

acho que o meu orgulho faz com que os meus relacionamentos sejam semelhantes aqueles pães que ficam debaixo do fogão por muito tempo, você o aperta e esfarela nas mãos. quando não, a relação sofre um aborto natural,antes mesmo de alguma forma começar a ser desenvolvida, às vezes sem razão, mas com 45 pretextos ensaiados. "você precisa dar mais tempo aos caras", repreendeu ela, enquanto dirigia a pelo menos 100/km, na estrada, a caminho da fazenda."você mede todas as atitudes deles com trena. não, para você uma régua de 30cm é o suficiente, porque quase nunca chega a tanto", continuou. eu deveria ficar brava exatamente nesse momento se eu não soubesse que a maioria das coisas que ela diz são verdadeiras, duas vezes. "espera, mas eu tive todas as razões do mundo para não continuar com o último, ele era machista", disse buscando nas mãos formas para convencê-la. "ah sim, só porque ele disse que não acreditava na amizade de um homem com uma mulher?", replicou ironica, "além do mais quem é que acredita? nem você mesma acredita". será que se eu disser que éramos de times opostos adiantaria? talvez contar que ele mencionou "quero ter uma família" 86 vezes durante as duas conversas dignas que tivemos. "e daí? agora vai dizer que ele não era fértil?", esbravejou, sem as mãos no volante. é, essa sempre funciona.