quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

frustrada amorosamente, pelos outros. pela vizinha que sustenta um amor bandido, mas sem romantismo ou puladas de cerca da parte dela. sem cenas de sexo em becos escuros com um rebelde social qualquer. em contrapartida a cena de sexo fica por conta do marido, numa cama de bordel de uma cidade vizinha, com uma qualquer mãe de 7 filhos. casos "da vida como ela é"; um conto urbano sujo, de submissão, melodrama trágico e previsível, até mesmo para um cineasta recém formado apaixonado pelas cretinices brasileiras da década de 70. ela conserva 17 anos de um casamento frajuto, há mais de uma década sem perspectiva. "por que não toca ele de casa?", pensei comigo. normalmente eu perguntaria diretamente, sem restrições... me faltava entusiasmo. tinha acabado de chegar em casa com a cabeça abarrotada de outros tantos contos de amor em todas as suas variáveis, cheio de personagens complicados e irredutíveis na sua forma de agir e pensar... isso me cansa e me consome. precisava discutir com aminha mãe sobre as finanças do próximo mês, precisava resolver as minhas questões amorosas... "dá um jeito na sua vida", disse irritada, evitando entrar em detalhes sobre o vagabundo em questão, a fim de dar um basta na conversa, correr para casa, colocar uma meia, pular no sofá e comer uma colher de doce de leite. "olha, só por deus, não agüento mais essa mulher me ligando, da última vez ela disse que me mataria se eu prestasse queixa e ...". para você que acabou de sintonizar... o marido da minha vizinha a traiu, segundo ela com uma mulher "da zona"... durante muito tempo. ainda sim continuam vivendo juntos. nunca fui uma pessoa apática, as vezes me torno. aprendi comigo mesma que os sinais do desespero despontam quando alguém resolve contar uma situação intima que está passando no momento para um estranho, evidentemente que ela não está a fim de ouvir conselhos ou até mesmo mudar a questão... "ele usava o meu celular escondido, para ligar para aquelas garota de programa...veio R$ 1 000 para eu pagar... “.
No final das contas acabei ouvindo toda a história, sem intervalo para resolver os meus casos, e já tinha alguém me gritando no portão... "vamo p bar!"
O argumento "naum lavei o cabelo", não serviu para nada...

2 comentários:

Helder Cavalcante Jr. disse...

Puta texto. Mesmo. Já vi pessoas que vivem sem saber porquê. A única pessoa que elas nunca ligam é pra si mesmas.

Tiago Torigoe disse...

belo texto mesmo ^^
a vida é assim...

passe no meu blgo quando puder,ok?
vo passar aqui sempre que puder...

beijos,e continue o bom trabalho!